Guru Rodrigo Ramos da Fonseca – Entrevista
06-03-2017

Guru Rodrigo Ramos da Fonseca – Entrevista

1- Olá! Obrigado por nos conceder esta entrevista. Você pode nos contar um pouco sobre seu começo com artes marciais?
Obrigado a vocês pelo convite, fico muito honrado! Comecei nas artes marciais incentivado pelos filmes do Bruce Lee, que era um dos ícones da minha geração. Na época eu pouco sabia, então achava que o quê o Bruce Lee mostrava nos filmes era Kung Fu, assim aos 8 anos comecei na prática do Kung Fu. Hoje sou Faixa Preta de Kung Fu, Lo Fu, (Shao Lin estilo Tigre).
Como eu tinha uma personalidade muito violenta, fui procurar nas artes japonesas um pouco mais de disciplina e fui treinar Aikido. Hoje sou faixa Preta de Aikido pela escola Aikido Ki no Kenkyukai,(Estilo Yoshinkan).
Em todos esses anos experimentei várias modalidades de artes marciais: Karatê, (kiokushi e shotokan), Judo, outros estilos de Kung Fu, Wing Chun, Hapkido, Kendo, Kenjutusu, Iaijutusu, Muay Thai, Jiu Jitsu, Submission, Krav Magá, creio que passei por quase todas artes marciais disponíveis em São Paulo, até chegar ao Kombato e ao Kali Silat.

2- Sobre a FMA, como você conheceu esta modalidade? Como você começou e o que despertou seu interesse?
O meu interesse começou aos 9 anos quando eu ganhei uma bolsa para estudar inglês e li em uma revista “Black Belt” da época, que trazia na capa ninguém menos que Bruce Lee, de que o que ele usava nos filmes não era bem Kung Fu. Essa revista ainda contava uma matéria sobre o GM Dan Inosanto e falava sobre Artes Marciais Filipinas.
Fiquei muito curioso para saber mais, mas na época não havia quem ensinasse no Brasil. Somente em 2003 que um parceiro de treinos e amigo de infância, Ricardo Tavares, me levou para conhecer um seminário de Kombato e Kali Silat em São Paulo, na renomada academia de Judô Messias, e foi aí foi que tive acesso a esse conhecimento.
Me apaixonei pelo Kali, pela total falta de regras, conceito de armas, jogo sujo e filosofia filipina, (conceito tribal). Sou muito grato ao MasGuro/ Mestre Paulo Albuquerque pela oportunidade de aprender essa arte, por tudo que ele me ensinou e ainda ensina.

3- Hoje você é um dos Guros mais graduados do Kali Silat Brasil e líder do Kali Silat São Paulo, que além da cidade de São Paulo também cobre toda a região metropolitana. Você pode nos contar um pouco esse trabalho?
Comecei a dar aula em 2005 para alguns alunos que já tinham contato com Kali, até então motivado pelo MasGuro Paulo Albuquerque. Acredito que meu começo real tenha sido em 2007 na academia Multifight em Osasco – até aí sendo o primeiro professor a dar aula de FMA no estado de São Paulo.
No começo foi muito difícil, pois poucas pessoas tinham ouvido falar até então sobre as Artes Marciais Filipinas. O bom é que logo montamos uma turma forte em Osasco, São Paulo e interior.
Muitos professores, até de outras escolas em São Paulo, foram meus alunos, entre eles: Juliano Silva, (Sina Tirsia Wali), Leandro Bazaglia (Pekiti Tirsia International), Bruno Gabriel (FCS), e Waldevir Jr. (Pekiti Tirsia Tactical).
Em 2008 comecei um trabalho no exército e em 2011 fui contratado como instrutor integral. Até 2012 montei um trabalho junto ao grupamento de ações rápidas, grupamento das forças nacionais e ajuda humanitária ao Haiti.
Em 2009 comecei a dar aula de “Stage Combat”, (violência cênica) na ESCOLA DE CINEMA, (hoje LA Film), a convite de Tristan Aronovich, e desenvolvi um trabalho no treinamento de atores, a exemplo do famoso Jeff Imada, inserindo as artes marciais filipinas nesse mercado em São Paulo e no Brasil.
Fui convidado pelo Guru Leandro Bazaglia e pelo instrutor Ricardo Tavares a me juntar a eles num curso junto ao COE (Comando de Operações Especiais da Polícia Militar de São Paulo). Dei curso particulares em diversas instituições militares e de segurança pública, além de palestras em universidades e faculdades.
Meu trabalho hoje evoluiu muito, pelos seminários internacionais que eu participei e pelo contato com personalidades das artes marciais internacionais com quem mantenho contato. Pretendo continuar treinando, a promover alguns seminários internacionais e a continuar divulgando a arte marcial filipina pelos meus cursos e aulas regulares. Atuo hoje no centro de São Paulo e Campinas onde trabalho na formação de instrutores.

4- Os leitores do Arte Filipina estão acostumados a verem as chamadas para os cursos “Sobreviva”, com um modelo de workshops que aparenta estar tendo sucesso. Você pode nos contar um pouco sobre?
SOBREVIVA foi um conceito criado pelo meu aluno e amigo Tristan Aronovich para quem passasse pelo seu curso de atuação com méritos. Achei interessante e comecei a usar como chamada em alguns cursos, pois esse era o intuito: dar uma introdução ao Kali onde o participante dos cursos pudesse SOBREVIVER usando aquela base marcial.
Num mundo como o de hoje e na realidade de quem vive em São Paulo e nas grandes metrópoles, o tempo e disponibilidade é algo muito escasso! Assim os cursos vieram a calhar. Nem todo mundo consegue participar integralmente de aulas regulares, seja por questões de horários, ou distância, ou mesmo por tempo. Assim os cursos funcionam bem para eles, pois oferecem a base de prática que esse nicho procura, por isso mantenho a disponibilidade de apenas 10 vagas, para maior aproveitamento e foco de minha atenção nesses participantes.
Recentemente inclui outras artes marciais raras no Brasil e que estão dentro da zona de interesse de quem pratica Kali, como: Traditional Italian Knife Fighting, Jeet Kune Do, Pencak Silat, entre outros.
Os cursos agora são mensais focadas em tópicos ligados as artes marciais filipinas e outras zonas de interesse, (vamos colocar tiro e arquearia em breve), e temos cerca 88% de adesão/aproveitamento por ano.

5- Tomahawk! Quem acompanha o seu trabalho vê que você tem um admiração especial por essa arma. Você pode nos falar um pouco sobre ela?
Eu detestava a ideia de Tomahawk! Porque o que eu tinha visto até agora no mundo das artes marciais filipinas sobre Tomahawk, (e outras armas da mesma linha), era que todo mundo pega a base de bastão filipino e aplicava em qualquer coisa, inclusive Tomahawk. E isso era meio “limitado” para mim.
Até que durante um curso de tiro conheci um americano que era militar e defendia com veemência o uso do Tomahawk como equipamento tático militar. Mostrou vários exemplos de uso e me explicou o porquê de a arma ser inclusa como equipamento em algumas forças militares e de operações especiais pelo mundo. Era uma excelente arma para combate corpo a corpo. Imbatível na sua classe de armas, (em relação ao facão por exemplo), e nas versões mais modernas, era leve, altamente resistente e isolado quanto a eletricidade. Pode ser usado para cortar, cavar, arrombar portas, arremessar e em combate em ambientes confinados.
Fui estudar mais sobre a arma, aprendi sobre suas origens, história e vi que muito do que se ensinava sobre a arma estava errado ou era limitado. Desenvolvi um sistema próprio de ensino e prática. Hoje os cursos SOBREVIVA são os únicos no Brasil a ensinar sobre essa arma. Hoje é uma das minhas “ferramentas” favoritas.

6- Qual é a sua visão da FMA hoje no mundo?
Temos sorte de ainda podermos treinar com grandes mestres da “velha escola”, pois muitos deles ainda estão vivos, então é melhor corrermos e passarmos o máximo de tempo possível com esses mestres.
Temos uma nova geração promissora, que modernizou e otimizou muito das técnicas filipinas e as transformou em algo funcional, mas com fundamentos tradicionais.
Infelizmente também temos o surgimento de uma geração de aproveitadores, que nunca tiveram contato com arte e ensinam sem nenhuma base ou experiência. E isso prejudica muito o futuro da arte.
Espero que quem treine hoje tenha consciência do seu legado, e procure entender mais sobre a cultura e a história filipina. Acho seu site muito importante para isso no Brasil. Eu também procuro fazer isso na minha página no Facebook.

7- Qual a sua opinião sobre a relação entre as FMA e a defesa pessoal?
Como disse, as artes marciais filipinas vem se modernizando, se otimizando e se tornando funcional no intuito de buscar eficiência na defesa pessoal. Muito mestres vem adicionando experiências pessoais, treinos modernos, como a prática de tiro e contato maior com armas de fogo em seus sistemas.
As artes marciais filipinas são evolutivas. E isso é uma grande vantagem em relação a outras artes marciais. A história filipina, de seus mestres e heróis, mostra isso. Creio que também a proximidade e implementação das artes marciais filipinas nas instituições militares e de operações especiais pelo mundo, ajudou muito nisso. Esse modelo “tático” onde se encaixou e se fundamentou como defesa pessoal.
Embora muitos julguem que ainda há mais de arte marcial que de defesa pessoal, eu acho que o FMA é uma arte de definição e eliminação, onde o objeto é sobreviver. E essa é, ou deveria ser, a realidade da defesa pessoal.

8- Quais são os seus planos para 2017?
Vamos seguir diversificando os cursos SOBREVIVA, estamos com um projeto de trazer grandes nomes nacionais e internacionais ligadas a marca. Agora em março traremos o MasGuro Paulo Albuquerque para um curso de Pencak Silat. Estamos apoiando o seminário Internacional do estilo Ilutrisimo, que traz ao Brasil a Guro Peachie Baron Saguin (Kalis Ilustrisimo). E em breve vamos promover um seminário com um grande nome do FMA no Brasil. Aguardem!

9- Muito obrigado pelas suas respostas! Gostaria de deixar uma mensagem para os nossos leitores?
Sou muito grato a vocês pela oportunidade. Já estava chateado que vocês nunca me chamavam (brincadeira). Para mim é uma honra e um privilégio contar um pouco da minha história e um pouco do meu trabalho.
Acompanhem nossa página no Facebook / Kali Silat – São Paulo – que se tornou um portal de cultura e história das artes marciais filipinas. Acompanhem também nossos cursos “SOBREVIVA” e nossas aulas regulares em São Paulo e Campinas.

Contatos:
Cel/whats: 11 97151 6784
Email: gouki.kombato@gmail.com

Em outras localidades através do site: www.kalisilat.com.br

Guru Rodrigo Ramos da Fonseca.
Aula de Kali Silat no Exército.
Aula de Stage Combat na LaFilm
Curso SOBREVIVA karambit
Curso SOBREVIVA Karambit e Tomahawk
Curso de Kali no COE
KALI SILAT – SÃO PAULO
Curso SOBREVIVA TOMAHAWK
Curso SOBREVIVA Armas improvisadas
Condecoração por serviços prestados ao exército, entregue pelas mãos do Coronel Ricardo Carmona.

Extraído de Arte Filipina.
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