Entrevista com o Guro Diego Marroni
10-03-2013

Entrevista com o Guro Diego Marroni

1- Olá! Obrigado por nos ceder a essa entrevista. Você poderia nos contar um pouco sobre o seu começo com as artes marciais?
Eu que agradeço, é um privilégio poder conversar sobre este assunto que tanto amo. Com relação à minha trajetória nas artes marciais, posso dizer que começou como a de quase todo mundo: Judô na escola. A partir daí percebi que nem se quisesse poderia ficar longe do mundo das artes marciais e pratiquei Karate Shotokan, Kickboxing, Boxe, Muay Thai, Kempo, Brazilian Jiu-jitsu, Iai-do, Krav Maga, Kombato (graduação Marrom), Aikido (Shodan), Kali Sina Tirsia Walli (preta segundo grau) e, recentemente, iniciei o trabalho com o Sistema Dog Brothers Martial Arts.
2- Sobre o FMA, como você conheceu essa modalidade? Como foi o seu início e o que despertou o seu interesse? Conheci as Artes Marciais Filipinas através do cinema, com o filme “Caçado” estrelado por Benício Del Toro e Tommy Lee Jones. Foi amor à primeira vista. Fiquei encantado com a beleza e letalidade da Escrima (também chamado de Kali ou Arnis). A idéia do uso de armas e ferramentas fez com que se abrisse todo um novo universo, toda uma nova perspectiva sobre do que realmente se trata artes marciais e de todas as possibilidades envolvidas em um confronto real. Ninguém vai para uma guerra sem armas. Isto é visto desde a Pré-história: Como poderia um homem enfrentar um  urso? Um Tigre Dentes-de- Sabre? Usando armas… ferramentas. O mesmo vale hoje. Para sobrevivermos a confrontos de rua contra várias pessoas ou uma única pessoa muito forte (aqui vale muito para mulheres, em especial…) FMA é uma sólida resposta. Iniciei meu treinamento no Rio de janeiro em 2008 com o Masguro Paulo Albuquerque.   3- Sobre o Dog Brothers, como aconteceu a aproximação com essa escola? Sobre os Dog Brothers, desde sempre admirei a “mística” que envolvia este grupo. Muitos os consideram um “bando” de psicopatas brutais que lutam armados de forma ultrarrealista, e isto é verdade…em parte. Descobri isto, quando um aluno meu presenteou-me com toda série original de “Real Contact Stick Fighting”, composta por seis episódios onde os conceitos básicos dos DB são ensinados e bem explicados. Tudo baseado em combates reais, sem blá-blá-blá. Percebi, então, que além de coragem este grupo possuía também um grande refinamento técnico, que permite ao estudante a exposição a situações extremas com relativa segurança. A inteligência e a idéia de uma busca maior (Higher Conciousness Trough a Harder Contact) também me encantou, pois pegar um pedaço de pau na mão e bater na cabeça de outra pessoa, qualquer macaco está apto a fazer (agressividade é um instinto que inegavelmente está em nós…).
Agora, dar vazão a este instinto sabendo o quê está fazendo e porquê está fazendo não é para qualquer um…
A partir daí comecei a ler todos os artigos e a ver todos os vídeos dos DB e, principalmente, de Marc “Crafty Dog” Denny (Cofundador e Força-guia dos DB), e fui literalmente “fisgado”pela sua inteligência e espírito livre.
  4- Você esteve nos Estados Unidos recentemente treinando no berço dos Dog Brothers. Você poderia nos falar um pouco sobre essa experiência?  Sim, passei o mês de novembro “internado” em Hermosa Beach, na Califórnia. Nesse local, em 1988, começou tudo. Pude conviver intensamente com Marc Denny e tive a oportunidade de lutar em um evento beneficente contra o câncer, o BTCOOC (Beat the Crap Out of Câncer) em San Fernando. A experiência de treinar diariamente em aulas conjuntas e particulares com Crafty Dog foi uma grande transformação. O refinamento técnico e a grande experiência em “campo de batalha” fazem dele um dos maiores Mestres de artes marciais vivos na atualidade. Conhecê-lo como pessoa, conquistar sua confiança e amizade, me fazem sentir realmente afortunado. Percebi, também, a grande maturidade e compreensão que os DB atingiram como grupo. São grandes guerreiros. 5- Os Dog Brothers possuem um método de treino bem particular dentro do FMA, o Kali Vale Tudo. Além disso, os Gatherings dos Dog Brothers são bem conhecidos, tanto dentro quanto fora do mundo do FMA. Você poderia falar um pouco sobre? Sobre o Kali Vale Tudo ou “Real Contact Stick fighting” podemos dizer que é a situação mais próxima da realidade que um artista marcial pode vivenciar. Nas primeiras edições do UFC, houve um convite para os DB apresentarem um combate nas preliminares, mas os organizadores voltaram atrás por acharem as lutas “extremas” demais. Os combates são realizados com bastões de Rattan e o mínimo de proteção é utilizado. Não há regras, não há troféus, não há juízes: a única exigência é sermos amigos no final do dia. Os eventos onde ocorrem estes combates são os chamados “Gatherigs of the Pack”. No que diz respeito à evolução técnica que se deu no DBMA decorrente deste laboratório, podemos traçar um paralelo ao próprio MMA. No início os combates eram parecidos com o que ocorre em qualquer escola comum de FMA, só que com menos proteção. Passou um tempo e ocorreu a “explosão” do BJJ, principalmente na Califórnia e dois dos três fundadores (Cafty e Top Dog) iniciaram seu treinamento com os irmãos Machado. Tal treinamento surtiu efeito nos combates homem a homem, ocorrendo várias finalizações no solo, gerando uma supremacia do Clã de Hermosa Beach sobre os Clãs mais afastados da Califórnia, como o de Santa Fé, liderado pelo terceiro fundador, Arlan “Salty Dog” Sanford. Salty Dog começou a pensar em soluções para anular o chão do Clã de Crafty Dog e percebeu que poderia utilizar sua experiência como lutador de Muay Thai, aprofundando-se no Krabi-Krabong. KK é o ancestral armado do Muay thai, arte extremamente poderosa que faz uso de espadas, escudos e bastões bastante pesados. Salty Dog viajou para a Tailândia e lá obteve seu grau de “Ajarn”, ou seja, professor. Com o conhecimento adquirido, Salty Dog e seus alunos se beneficiaram do poder de dano de fortes pancadas, da pressão com movimentação agressiva e do uso de chutes que o Krabi-Krabong proporciona e que o praticante comum de kali não possui, equilibrando o jogo entre os clãs. Hoje, a nova geração se beneficia de ambas as tendências.   6- Qual a sua visão do FMA hoje aqui no Brasil?

Percebo que nosso material humano é de excelente qualidade e em nada devemos a ninguém. Falta-nos um pouco de experiência, pois a arte é recente no Brasil e possui um número pequeno de praticantes. Falta-nos também união, por questões de ego. Um achando que sabe mais que o outro…   7- Sobre o futuro, quais os planos para os Dog Brothers aqui no Brasil? Fui nomeado, pelo Guro Crafty, Group Leader dos Dog Brothers no Brasil e tenho a idéia de divulgar e compartilhar o conhecimento por mim adquirido. Todo aquele que tiver bom coração e vontade de aprender é bem-vindo. O primeiro passo será a realização de um grande Seminário com Marc Denny no Rio de Janeiro nos dias 1 e 2 de junho deste ano. As inscrições já estão abertas. Detalhes no site http://www.fiamek.org/index.php?secao=seminario e/ou diretamente comigo, pelo Facebook ou e-mail (diegomarroni@gmail.com). Espero que todos os grupos de praticantes e admiradores aproveitem esta oportunidade única de crescimento.   8- Muito obrigado por suas respostas! Gostaria de deixar uma mensagem para os nossos leitores? Treinem muito e apareçam no Seminário. Muito Obrigado. Mabuhay!

Extraído de Arte Filipina - Notícias e Conteúdo de FMA [ Arnis Kali Eskrima ] do Brasil e do Mundo.
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